Oi gente, Go aqui para trazer minha última review desse fatídico 2020. Após o lançamento do aclamado “FA7HER”, em 2017, e “Nandi”, de 2019, o MC que também é um dos fundadores da Pirâmide Perdida lançou seu oitavo álbum de estúdio, intitulado “Êxito”, e conta com diversas participações como Djonga, Sain, Luccas Carlos, Nill, Major RD, Febem, Ainá e MC Flavinho.
O álbum percorre por discursos motivacionais, regado de comemorações de suas conquistas como MC, fazendo jus ao nome do projeto. Akira continua consistente em suas rimas, mas por outro lado não inova em relação ao que já ouvimos anteriormente em seus trabalhos, principalmente no que diz respeito a seus flows. O Fa7her até se arrisca em outras musicalidades nesse novo trabalho, porém isso não garante muita qualidade técnica para o álbum, principalmente pelo problema já mencionado dos flows exaustivamente batidos.
Tudo começa na faixa “Sem Colete”, com participação de Sain e produção do El Lif. A track é a exemplificação perfeita dos problemas do parágrafo anterior. Quando levamos em consideração consistência de rimas e variação de flow, é exatamente o que já estamos acostumados a ouvir em suas músicas, além de Sain entrar na faixa com seu padrão slow sem muito brilho. “Nipsey do Azul” tem a produção do DJ Decco e as participações de MC Flavinho e Major RD, ambos os convidados roubam a cena na faixa com uma entrega invejável e muito intensa, principalmente a de Major RD que entra com um interlúdio após um segundo verso do Akira e já emenda no terceiro verso com muita energia, colocando fogo no beat com seus versos que se destacam no conjunto:
Se eu não responder me perdoe, é que eu sou inseguro
Meu anjo, eu nem sei quem é quem
Meu super-herói é meu pai, eu morria de fome se eu fico esperando o He-Man
Flow dinamite, eu te faço um convite sério a pisar no pátio da FEBEM
Teu ice é legal, teu trap é legal, mas tomar no cu, tu não salvou ninguém
A faixa “Pro.blema” é onde Akira se arrisca com um flow mais rápido e explora uma sonoridade diferente, que nesse caso é em um beat em drill produzido pelo DJ e integrante do Bloco 7, M$E. Por mais que seja interessante a tentativa, o resultado não é positivo, soa genérico e cansativo, principalmente pelas diversas repetições de “fé” e “sete” entre suas rimas. Na mesma track ainda temos a participação de Febem que performa muito bem suas rimas e ainda finaliza o verso com a icônica “Eu não quero buxixo, eu só quero dinheiro” do falecido Mc Zóio de Gato. No refrão, Ainá potencializa o poder vocal do som com sua voz.
“Por Isso Me Odeiam”, faixa produzida por Go Dassisti, começa com uma sequência dolorosa e quase que infinita de “fazendo dinheiro, enquanto eles [insira aqui qualquer ação que não seja fazer dinheiro]”, que ainda se repete mais duas vez após os dois versos, sendo um de Akira e o outro de Luccas Carlos. “Conquistas”, vem com feat de Djonga em mais uma produção de El Lif. No refrão Fa7her, O MC varia seu flow de maneira interessante para uma melhor fluidez pelo instrumental. Assim como na faixa anterior, temos a estrutura de refrão + verso do Akira + refrão + verso do feat + refrão , seguindo um padrão empobrecido onde Akira entrega apenas um verso em cada música praticamente durante todo o álbum.
Quase chegando ao fim do disco, temos em “Wagwan” a única faixa que não conta com nenhuma participação e curiosamente é a melhor performance do MC, contando com um flow que varia com mais intensidade, boas rimas e adlibs bem encaixados. A canção, produzida por J. Cardim, tem como principal destaque as rimas finais de seu verso único:
Me jogam esquecido no fundo do poço (Yeahhh)
Desfaz da minha rima mas quer meu negócio
Desgraça para nós eles falam que é pouco (Falam que é pouco)
Distante desse mundo que não tem remorso
(Wow, wow) Essa é nossa vida
Transformam jovens negros em esquadrões suicidas
Pros lugares que eu tive, amigos que eu tive
Pros que hoje têm família e os que hoje, entre nós, não mais vivem (Fé)
Temos tanto ódio de sobra, temos sempre no revide
Somos escravos modernos, eles não nos querem livres
As pontes de “Wagman” também são interessantes, porém não funcionam tão bem pela maneira como a track é estruturada, uma dupla de pontes seguida do refrão logo após o primeiro verso soa como algo apenas para preencher um tempo dentro da faixa.
Com a participação de NiLL e novamente uma produção de Go Dassisti, temos a última faixa do projeto, chamada “Oto Dia, Oto Dólar”, que o finaliza com chave de ouro. Ambos os MCs performam muito bem e o refrão chiclete até cria uma sensação de que o caminho pelas sete faixas que compõe o projeto é menos repetitivo do que realmente é. A qualidade da última faixa comparada com as passadas até ameniza o fato de que basicamente ouvimos várias músicas genéricas no álbum, com sonoridade bem parecida entre elas ( com exceção de “Pro.blema”).
“Êxito” está longe de ser um trabalho ruim, Akira se propõe a experimentar outras sonoridades, entrega bons versos e monta um time de peso tanto nos feats quanto na produção. O projeto apresenta um conceito fechado, porém se perde nas problemáticas de padrão de rima e falta de coragem de arriscar mais. Os produtores envolvidos no projeto, por sua vez, entregam boas produções, mas que não são acompanhadas pela caneta do MC. O significado de “Êxito” pode ser aplicado à carreira de Akira, que sempre foi bastante concisa e consistente, porém não à qualidade técnica deste trabalho. Até 2021.