Orgulho in Verso: uma lista de artistas LGBTQIA+ para você apoiar

Trazemos aqui vozes que merecem ser ouvidas, compreendidas, apoiadas e reconhecidas, dentro e fora da cena do Hip Hop nacional.

Muito além da data de hoje, em que comemoramos o Dia do Orgulho LGBTQIA+, trazemos aqui vozes que merecem ser ouvidas, compreendidas, apoiadas e reconhecidas, dentro e fora da cena do Hip Hop nacional. 

É bem provável que você já tenha ouvido nomes como Gloria Groove ou Rico Dalasam, principalmente se você se reconhece ou apoia a causa LGBTQIA+. Mas, será que o espaço concedido na cena nacional tem abrangido todas as vozes, lutas, vivências e sexualidades das diversas pessoas que fazem o Hip Hop ser um movimento tão diversamente humano e único?

A resposta é, com toda certeza, não.

Vale ainda lembrar que, antes de escrevermos esse texto, pedimos algumas indicações de artistas LGBTQIA+ que as pessoas escutassem diariamente, ou que achavam que mereciam mais espaço dentro da cena. E o retorno foi aquilo que, infelizmente, já esperávamos: quase nenhum.

E assim, fica no ar o questionamento: Existem poucos artistas LGBTQIA+ na cena, ou ainda estamos consumindo mais da compulsiva cultura hétero por medo de sair da zona de conforto e também por um preconceito velado que ainda carregamos?

Pensando nisso, criamos essa lista, para dar voz, exaltar, divulgar, e principalmente refletir sobre espaços, visibilidades, lutas e vivências de artistas LGBTQIA+ na cena nacional.

Começando com 10 artistas de destaque nacional, e em seguida, com todas as vozes que fazem dessa lista ser diversa, completa e representativa.

RICO DALASAM

O MC que passou e fez história pelas batalhas de Santa Cruz, que chamou atenção com seu estilo, rimas e presença marcantes, hoje é referência máxima no cenário nacional, não somente pela musicalidade que vai do Rap ao Samba, mas também por ser um dos primeiros homens cis da cena nacional que se reconheceram e se assumiram como homossexuais. A voz e a postura de Dalasam abriram diversas portas para que outros artistas pudessem explorar e viabilizar suas artes em um cenário, até então, homofóbico e machista. Hoje, o artista colhe os louros do aclamado Dolores Dala Guardião do Alívio.

GLORIA GROOVE

De Vila Formosa, Zona Leste de São Paulo, o rapper, cantor, Drag Queen, acabou de lançar seu single “Bonekinha” e está mais que consolidado na cena Pop/R&B atual. Gloria é versátil tendo trabalhos no R&B, Trap, Pop, Funk e apresenta clipes bem construídos em que canta, dança e apresenta boas rimas tanto mostrando seu lado “rapper masculino” ou como “queer feminino”. Tem seus primeiros lançamentos em 2016 e até então não parou, mas canta desde muito pequeno. Começou a trabalhar com arte em 2002, quando participou da nova formação do Balão Mágico, hoje já tem dois EPs, um álbum e inúmeros singles.

CLARA LIMA

Cria das batalhas de Belo Horizonte, Clarinha nunca decepcionou em seus versos e rimas excelentes e combativas. Depois de vencer uma série de batalhas no Duelo de MCs, em 2014, a rapper foi finalista do Duelo Nacional, apenas um ano depois. Entrou no grupo DV Tribo em 2015, grupo que alçou o rap de Minas Gerais nacionalmente, e em 2016, coligou com o selo CEIA Ent. Em 2017, “NADA” curta-metragem protagonizado pela rapper é destaque em Cannes, uma das principais mostras de cinema do mundo, mostrando assim que não tem talento só na linguagem musical. Contém um EP, um álbum e vários singles e participações ao longo dos anos, o EP em que debutou sua discografia Transgressão é um clássico do rap, em com beats pesados e letras repletas de desabafo, vivências, verdades, combatividades. Já o álbum, Selfie ela vem com um som mais variedade de instrumentos e uma nova fase mais light, falando sobre sonhos, sentimentos, família numa ritmicidade de rap mais pop. O trampo mais recente da rapper Só Sei Falar de Amor de 2021, é ainda mais pessoal, demonstrando versatilidade. Clara Lima é sem dúvidas uma das maiores rappers que temos e esperamos que não desista do que faz de melhor: rimas e melodias!

LINN DA QUEBRADA

Lina Pereira, Paulista, conhecida artisticamente como Linn da Quebrada, é compositora, cantora, atriz, ativista, apresentadora, acadêmica e uma das artistas LGBTQI+ mais relevantes do cenário brasileiro atualmente. Suas músicas sempre foram potentes formas de tensionar atritos, desconstruir estereótipos e quebrar mais tabus que aquele site conhecido (risos). Começando como performer seguiu carreira musical em 2016, com o sucesso da música “Enviadescer” quando ainda era MC Linn da Quebrada, seguiu lançando hits como “Bixa Preta” até hoje hino da comunidade, com músicas ovacionadas pela crítica e pelo público que a levou a sua primeira turnê nacional “Bixarya” entre 2016 e 2017 e chegou a ser homenageada pela cantora Liniker. Daí, a artista saiu mostrando sua multi artisticidade, e lançado seu álbum audiovisual Pajubá com a ajuda dos fãs, o resultado é uma obra prima da música, com ritmos que perpassam o rap, o funk, pop e techno, faz pensar e dançar, proporcionou a artista a oportunidade de pregar o Pajubá, dialeto Nascido na ditadura e com origem no iorubá e nagô, vocabulário reúne apropriações linguísticas feitas por homossexuais e travestis e ainda rodar o Brasil e o mundo com o disco. Como atriz participou do filme “Corpo Elétrico” e o doc “Bixa Travesti”. Em 2019 estreou como apresentadora no programa TransMissão do Canal Brasil, juntamente com sua companheira Jup do Bairro, sendo o primeiro talk show comandado por uma pessoa transexual no Brasil. Tudo que ela faz permeia informação necessária para a nossa geração e o combate às violências aos corpos de bixas e travestis.

LUCAS BOOMBEAT

O cantor e compositor é único.  Desde as melodias que utiliza em suas composições às rimas de impacto, Boombeat consegue transitar entre diversos temas sem perder a essência da sua mensagem. Em seu debut Nem Tudo é Close, lançado em 2020, contou com a participação de outros grandes nomes da cena nacional, como Gloria Groove e Bivolt. Além disso, Boombeat fez uma participação importante no cenário da música pop quando participou do álbum ‘111 Deluxe’, de Pabllo Vittar.

 

BIXARTE

Paraibana, Bixarte é mais uma dessas artistas de vários talentos, rapper, poeta e cantora. Em suas músicas fala sobre as vivências como travesti. Com apenas 18 anos apareceu em matérias como expoente do rap paraibano e já havia lançado um álbum intitulado Evolução. Hoje conta com mais um álbum, Faces,  e vem lançado um projeto junto com audiovisual intitulado “A nova era”, com três clipes até então, “Oxum”, “Travesti no Comando da Nação” e Àrólé. Seus sons atravessam vivências de resistência e espiritualidade, reivindicando a reparação histórica sobre as mazelas e intolerâncias da igreja católica, busca desmistificar a prática de violências contra travestis e mulheres trans, justificadas por dogmas religiosos . A rapper já trabalhou em beats de batuques, trap, house, pop e techno vogue. Bixarte sem dúvidas merece alcançar o cenário nacional com sua arte, direto da Paraíba para o mundo.

LARINHX

Produtora do Rio de Janeiro, do recém-lançado Eu Gosto de Garotas, álbum independente que vem tendo muitas críticas positivas, inclusive com um texto no nosso site. Totalmente composto por mulheres, o projeto de rap/funk/drill chega num momento em que elas estão tomando por direito espaços no hip hop e criando elos importantes no cenário de produção musical, necessários para reivindicar espaço que sabemos ser repleto de machismo. O disco carioca conta com Larinhx (sim, ela solta a voz também), Slain, Ebony, Ikinya, slipmami, Deize Tigrona, Mc Lizzie, DAMATTA, Shury, Ciana, Amanda Sarmento e Valentine, passeia entre o trap, funk e o RnB. Integrante do grandioso Heavy Baile  lançou a volta da Valesca Popozuda, “Me come e some” e vem produzindo vasta galera como Lila, MC Taya, N.I.N.A e remixou “Ombrim”, sucesso de Rosa Neon, a gata não para!

 

IZA SABINO

Em atividade na cena hip hop desde 2014, a mineira Iza Sabino, que também já foi rapper de batalha, assim como Clara Lima, em suas letras trás à tona vivências como mulher preta e lésbica, num trampo sensível, refleto de sonhos e afetividade. Jovem, aos 21 anos após lançamento de vários singles, um EP solo (Augusta) e um colaborativo com FBC (Best Duo), é após o ótimo álbum Glória, em 2020, que Iza vive um momento de ascensão e maturidade merecidas dentro da música. Também beatmaker, a rapper sofre influência  do hip-hop dos anos 2000, com um flow bem travado nas batidas, mas não se limitando a isso. Além disso, Iza integra o aclamado grupo FENDA.

 

DANNY BOND

Nascida na periferia de Maceió, Danny é conhecida como Rainha do Jacintinho, em Alagoas, com certeza você já ouviu uma das obras recentes (Tcheca) da cantora e o seu remix com a música “Say So” de Doja Cat. Mas não é de hoje que ela produz não, viu? Com um álbum de 2017 intitulado “Épica” Danny já chegou no mundo da música com 9 músicas autorais que transitam entre ritmos brasileiros como tecnobrega, bregafunk, reggae. Já em 2019, cantou com Pabllo Vittar no bloco de carnaval da drag. Hoje, com esse álbum e outros singles é a primeira transexual a estar simultaneamente no topo do iTunes Brasil, Viral Maceió do Spotify e alcançar o #1 dos Trending Topics do twitter, mostrando a força da mulher negra nordestina que também se posiciona politicamente. Danny se inspira nas divas pops mundiais mas tem uma performance original que não nega de onde veio.

BIONE

Júlia Bione (18), a Bione, Pernambucana, que já aos 15 anos ganhou o Slam PE em 2018 e participou do Slam BR 2019. Precoce e desde então grande promessa artística da cena de PE, Bione sempre foi poeta marginal, espaço onde encontrou caminho para gravar seus versos rápidos e combativos no rap. Já tem uma mixtape intitulada “Sai da Frente” lançada em 2019. Daí, só progresso, lançou o livro “Furtiva” e participou do Festival Coquetel Molotov. Bione é produzida pela Aqualtune, produtora independente composta apenas por mulheres negras. Em suas músicas fala justamente da dificuldade e glória em alcançar espaços tão lapidados, além de sempre pautar o combate ao racismo, refletindo sobre a sobrevivência e questões sociais na sua vida e de quem possa se identificar. Suas inspirações estão em artistas da nova geração como Djonga, Iza, Karol Conká, Bell Puã e Patricia Naya e também na sua família, mãe e irmã. Fica registrado aqui, a oportunidade de quem lê essa matéria de ouvir/conhecer essa jovem artista que irá conquistar ainda mais sonhos com sua arte e não para de produzir, esperamos que em breve seja lançado um álbum seu. 

 

 

URIAS

 

 

ALLURE DAYO

 

 

HIRAN

 

 

MONNA BRUTAL 

 

 

JUP DO BAIRRO

 

 

GUIGO

 

 

DICERQUEIRA

 

 

BELLA KAHUN

 

 

OGCAPITU

 

 

RAP PLUS SIZE

 

 

WARLLOCK

 

 

NEGAPRETO

 

 

ARDLEZ

 

 

IZABELA REIS 

 

 

GABE FREITAS 

 

 

LOO PEZ 

ROS4

 

BRUNA BG

Confira essas e outras vozes da comunidade LGBTQIA+ na seleção de músicas que fizemos lá no Spotify, clicando aqui.

A Inverso é um coletivo dedicado a cultura Hip Hop e o seu lugar para ir além do comum.