TOP 10 Artistas (NACIONAIS) da Década (2010 – 2019)

Eai seus “a década só acaba no fim de 2020”, suave? Após uma pausa pras festas, estamos de volta com a temporada de listas, dessa vez, pra falar sobre os anos 2010. Pra iniciar essa fase, vamos com os maiores, melhores e mais importantes rappers desses últimos 10 anos, começando pelos que mais representaram no Brasil:

10. Karol Conká:

No início da década onde talvez Flora Matos fosse a única rapper feminina com proeminência pro público, Karol surgiu como um furacão. Com um estilo totalmente original, misturando rap com funk, pop, estilos jamaicanos e até tambores africanos. Karol atingiu um grande sucesso extrapolando a cena do rap, com um som e uma estética “empoderada” e temáticas comuns ao feminismo negro muito antes de isso se tornar popular como é agora. Sua influência, apesar de vista em rappers mais jovens como Drik Barbosa e Gabz, é mais clara em artistas pop nacionais, onde Karol possui mais destaque. Com seu primeiro álbum, “Batuk Freak” a MC emplacou a canção ‘Boa Noite’ no jogo FIFA 14 e ganhou o prêmio multishow para ‘Artista Revelação’, antes de lançar em ‘Tombei’ um dos mais famosos singles do rap da década.

Disco essencial: Batuk Freak

– JH

09. Filipe Ret:

Filipe Ret, ainda em 2012, lançava seu debute Vivaz que acabou por se tornar um marco pro rap nacional principalmente no estado do RJ, onde a influência desse álbum e do próprio Ret é ainda mais visível, tendo impacto inclusive fora do gênero. Em 2015 é a vez de Revel, álbum que divide opiniões se está ou não à altura de seu antecessor. Porém, três anos depois, Audaz, fechava essa trilogia de álbuns. Um trabalho mais maduro do artista, seja na escolha dos beats seja nas composições, que atenderam bem às expectativas dos fãs. Ao olhar pra trás na década, fica mais que claro o impacto de Ret no cenário BR. Entre TUDUBOMs e MARAVILHAS Ret levou o rap nacional pra praia fumar maconha e de quebra o apresentou a Srta. Melodia.

Disco essencial: Vivaz

– VINAR

08. Projota:

Projota fez parte dos “Três Temores”, colaboração consolidada pela produção “Nova Ordem”, junto com outros dois grandes nomes dessa mesma lista: Rashid e Emicida.  Por alguns anos no início da década, esse trio era a maior e, para toda uma nova geração que surgia, a única referência do que o rap poderia e estava se transformando. O mc do lauzane com as mixtapes “Projeção” e “Não há lugar melhor no mundo que o nosso lugar” marcou seu nome na tábula rasa da cena desse novo rap nacional. Indiscutivelmente acima da média para os parâmetros e realidade da época, para alguns, naquele tempo, mais promissor que o próprio Emicida. Talvez, suas escolhas pós estes primeiros anos, assinando com uma grande gravadora que em muito modificou sua arte, o tenha feito perder grande parte do seu prestígio, explicando assim o seu oitavo lugar.

Disco Essencial: Projeção

-ASCENCIO

07. Criolo:

Criolo é um veterano do rap, envolvido e ativo na cultura muito antes de 2010. Estava prestes a aposentar o mic quando resolveu tirar uns sons da gaveta e gravar alguns outros dando forma ao aclamado álbum “Nó na Orelha”, o bilhete de entrada tardio do mc para o mainstream não só do rap, não só da música em geral, mas da cultura brasileira como um todo. Nesse aspecto em última escala, Criolo se encontrava em um lugar de extrema relevância no começo da década, apesar de, nos dias de hoje, estar um tanto quanto apagado. O mc do grajau fez o que, até então, ninguém havia feito em mesmo nível: popularizou e levou o gênero musical a novas possibilidades e mesclas, trazendo mpb, jazz e samba. Muitos gostam, outros desgostam, mas foi aí que o rap começou a dialogar com grandes nomes de outros estilos da música brasileira.

Disco Essencial: Nó Na Orelha

-ASCENCIO

06. Rodrigo Ogi:

O Vovô lançou nessa década apenas três trabalhos, os três primeiros da sua carreira de artista solo após fazer seu nome no grupo Contrafluxo, entretanto, o nível de qualidade torna obrigatória sua inclusão nessa lista. Seus dois álbuns propriamente ditos (“Rá!” e “Crônicas da Cidade Cinza”) são nomes obrigatórios em qualquer lista de álbuns na década, usando uma qualidade de storytelling que bate de frente com qualquer nome na história do rap nacional e sonoridade típica do rap paulistano. Ele consegue juntar a sua criatividade lírica com a sonora (um salve ao Nave, seu produtor), produzindo um som que se apega às raízes do hip hop sem soar tão datado quanto se espera de rappers dessa idade. Embora não seja um nome tão conhecido para os ouvintes mais novos, Ogi é um nome essencial do rap brasileiro.

Disco Essencial: Crônicas Da Cidade Cinza

-JH

05. Bk’:

A primeira metade da década ficou para trás, o rap nacional se tornava cada vez mais diverso e atento aos conceitos e tendencias vindos da gringa. As produções começavam a soar mais universais, a caneta dos mcs passava a ser mais técnica conforme uma parte do público começava a exigir esta evolução. Bk’ entendeu isso como ninguém e com o seu “Castelos & Ruínas” mudou o jogo completamente. Elevou, pela primeira vez depois de alguns bons anos, o nível da cena e mostrou a uma nova escola como se devia fazer rap daquele momento em diante. Seu segundo projeto (além de dois EPs de três faixas), Gigantes, não carrega nem de perto o mesmo brilho e importância de seu irmão, mas isso não importa, só o seu debut já seria o suficiente para marcar sua presença nesta lista.

Disco Essencial: Castelos & Ruínas

-ASCENCIO

04. Don L:

De “Roteiro Para Aïnouz Vol. 3” aos clássicos tropicais do Costa a Costa na região cearense, inegavelmente é um artista intocável na cena, principalmente quando se fala sobre técnica e letras cativantes. Don L mostra para nós o oposto do que imaginamos em um artista que está há muito tempo na cena, ele não faz questão de nos entregar um material obvio ou padronizado, seja nas suas letras cativantes e desconsertantes, ou na produção experimental, com uma verdadeira mistura de arranjos acústicos e tecnológicos que prende completamente o ouvinte. E mesmo com toda essa evolução e transições, quem escuta o Don L, consegue traçar as semelhanças nas habilidades e produção que ainda eram brutas no clássico “O mundo é nosso”. Os administradores desse site apoiam e frequentemente estão escutando este grande artista nos seus automóveis caros.

Disco essencial: Roteiro para Aïnouz

-ERICK

03. Rashid:

Um dos “Três Temores” ao lado de Emicida e Projota, Rashid tem sua parcela de responsabilidade por trazer o rap de volta em evidência. Mesmo sem o grande sucesso mainstream que os outros dois companheiros atingiram, sempre foi um dos nomes mais respeitados por suas rimas e flows de altíssimo nível, além de ter um catálogo de alta qualidade ao longo de mais de dez anos (com destaque em especial para a mixtape “Que Assim Seja” e o álbum “A Coragem Da Luz“), sendo um dos nomes mais consistentes da cena na década e, por que não, do século até aqui.

Disco essencial: Que Assim Seja

-JH

02. Djonga:

Após o ‘reset’ do rap nacional em 2016, após o período de saturação e qualidade de material que atingia destaque sendo bem discutível, Djonga foi o nome que dominou a cena. Desde participações de destaque em Poetas no Topo até seus três álbuns muito bem recebidos pelo público, ele é o maior nome do rap nacional na atualidade, sendo um dos poucos da atual geração a quebrar a barreira e atingir outros públicos. Seu destaque é o uso de wordplays e o ativismo em suas letras, levando orgulho aos negros e (esperançosamente) um pouco de juízo aos brancos que ouvem sua música, que atualmente são muitos. Com três álbuns em três anos desde que se estabeleceu no cenário do rap mainstream, Djonga tem um mundo de possibilidades e aparentemente só cresce. Talvez, daqui a dez anos, ele ainda figure no topo desta lista.

Disco Essencial: O Menino Que Queria Ser Deus

-JH

01. Emicida:

Se não fosse Emicida nada do que conhecemos como rap nacional hoje existiria. Leandro foi o principal responsável não só por revolucionar a forma de como se fazer rap, mas também por colocar o rap brasileiro novamente em evidência, após um período de escassez na segunda metade da década 00. Com a mixtape Emicídio, sua participação com o NxZero no remix da música “Só Rezo”, o single “Triunfo” e a inovação feita com seu selo, Lab. Fantasma, o rap voltava a ter um expoente no mainstream, trazendo junto de si outros nomes como Criolo, Projota e Rashid, abrindo caminho pra posterior aparição de ConeCrewDiretoria… e o resto é história. Além de sua importância, é claro, Emicida se destacou por uma técnica incrível e um ouvido muito sensível pra samples e grandes produções, tendo alguns dos melhores álbuns da música como um todo na época. Mesmo se aventurando em outros gêneros como MPB, funk e samba, o rapper conseguiu se tornar um dos maiores nomes da música brasileira com hits conhecidos por todos os públicos como “Passarinhos” ou “Hoje Cedo”, mas sem nunca perder suas ligações com a raiz do rap. Não só foi o maior nome da década com grande vantagem, como no ‘Monte Rushmore’ de toda a história do rap nacional deve estar lá a cara de Leandro Roque de Oliveira, o Emicida.

Disco Essencial: Emicidio

-JH

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