Review: Yung Buda – True Religion

Salve rapazeada, Vetfortal tá nazarea com a missão de falar sobre Yung Buda, artista que faz parte do selo Sound Food Gang e tem ótimos trabalhos solos com seus projetos: “Músicas Para Drift”, “Halloween o Ano Todo”, “Músicas Para Para Drift, vol II” e, o que irei discorrer neste texto, “True Religion”.

Falar sobre Yung Buda gera uma série de subjetividades pelo fato do artista não se prender a rótulos, as variadas formas do seu produto, em alguns pontos, resultam até mesmo numa complexa e desafiadora assimilação de sua arte. Veio a calhar escrever sobre True Religion por conta de estar muito viciado em Naruto no momento, então, ouvir o álbum foi como reviver todo um caminho com diversos cenários que o projeto providencia, uma série de 13 episódios que a cada momento te proporciona sensações diferentes, às vezes de êxtase, em outras se apresenta com um ar misterioso que pode te surpreender, positiva ou negativamente, a qualquer momento.

 

 

Começando por “7K”, que representa o godai da água 水, a track inicial conta com a primeira aparição do alter ego do artista, Baby Gengar, ou seja – Yung Buda ft Yung Buda. É um inicio executado com muito êxito, proporcionando o recém mencionado cenário de êxtase, os versos de Buda flutuam sobre as batidas. É a melhor faixa do álbum e prova a singularidade do artista em parâmetro ao cenário nacional (ainda bem que temos Yung Buda). A música foi produzida pelo próprio artista em parceria com CrimeNow e Emika Beats.

A faixa subsequente, “Sem Sinal”, é outra boa track e representa o quão bem o artista pode se sair bem em ambientes musicais ainda não explorados, se dá bem com a força de um Sennin ao lado de outros ninjas fortes como Nikito e Zemaru, num saldo final de ótimo resultado. Mesmo sendo a mais longa do álbum, não é monótona, pelo contrário, proporciona uma sequência em adrenalina.

A partir deste ponto surgem algumas irregularidades. “Yung Goth Babes” é a escolha de “faixa” mais  questionável por ser apenas uma intro com uma sample para um som que ainda vai sair, chega a ser desnecessário do ponto de vista estrutural e estético que o álbum parece propor. Mas, logo depois vem “Light On”, melhorando um pouco os ares. Nicolas não rima até aqui, deixando o espaço para Kobain e Flameboy Matt numa proposta muito curiosa do artista em não apresentar seus versos por um track do próprio álbum. Os dois convidados conseguem se sair muito bem, trazendo uma sonoridade que agrada aos ouvidos de quem gosta de produções atípicas ou experimentais.

Em “Hacker Dresscode” e “Madrugada dos Mortos”, tendo a última a participação de Killamoto, temos faixas curtas porém com boas sonoridades. Em “New Wave” a junção com o rapper Choice funciona até certo momento, mas quando o MC convidado incorpora um flow característico de Dfideliz fica a sensação de que Choice perde sua especificidade enquanto participação do projeto, principalmente colocando-se em perspectiva os bons feats até então.

“Segredo Além do Jardim” é muito agradável e uma das melhores até aqui, muito por conta do refrão cantado pela voz de Florence Lil Flowers. Os versos cheios de referências a animes e jogos de Yung Buda trás uma estética característica que já se provou funcionar muitas vezes, e ainda o faz. Caminhando no mesmo sentido temos logo após, no single já lançado há mais ou menos um ano, “Ninja”, uma boa escolha para agregar na temática. Mas, enquanto track do álbum, principalmente dada a sua longa e bem sucedida permanência entre os fãs como single, torna, neste ponto em específico, um acréscimo cansativo na experiência por não ser novidade para quem acompanha o trabalho de YB.

As próximas 3 faixas não agregam muito e talvez seja por isso que estão no final. Depois de ótimas tracks iniciais, o projeto cai um pouco em qualidade. Apresentando músicas que se esgotam rápidas demais e reafirmam certa monotonia, são os exemplos de “Lights Out”, “Mushroom Season” e “Black Dryft”, uma trinca de sons medianos que acaba sendo o calcanhar de Aquiles do disco.

Uma vez passado esse momento não tão favorável para o caminho que o projeto vem trilhando, Nicolas termina brilhantemente o álbum em “A Última” e uma série de acontecimentos nostálgicos com grandes chances de agradar seu ouvinte.

É satisfatório o clima que Yung Buda constrói durante boa parte de “True Religion” e me agrada como o álbum apresenta artistas não tão conhecidos assim, mas com qualidades para se destacar na ausência de expectativas recaídas sobre eles. O álbum começa com boas faixas, porém ao se encaminha para o fim encontra a medianidade e perde o seu poder de impacto, ainda que não seja algo que comprometa a audição num geral. Nada que questione a singularidade do artista diante do cenário nacional. É isso pivetada, se cuidem, até logo amigos.

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