NA AGULHA #03: Reviews rápidas e certeiras pra você ficar ligado

Essa edição tem Disco Rebel, Beli Remour, Boombeat e CyberKills, a galera da Sheila Records e até Snoop Dogg

Aqui no Na Agulha é assim, a gente já chega atirando. Então pra não perder tempo (e ainda assim, conseguir pegar tudo que tá rolando por aí) vamo direto ao assunto: Essa edição tem Disco Rebel, Beli Remour, Boombeat e CyberKills, a galera da Sheila Records (Coronel, Matheus Coringa, MANDNAH, Saskia e 1LUM3) e até Snoop Dogg.

 

Sheila Records – Dorsalgia

Por Ravi Freitas

A SHEILA Records é um coletivo que mistura grandes nomes e novos talentos do underground, que veio com a intenção de dominar até todo mundo ouvir seu nome em 2022. O EP promete ser o primeiro do ano, e conta com participações de Matheus Coringa, Coronel, MANDNAH, Saskia e 1LUM3.

Os beats feitos a duas mãos pelos produtores da casa, Noshugah e Campoy, focam no boombap ora mais sujão e ora mais animado, com destaque para Avassaladores, uma das melhores tracks do projeto. Parte disso se deve ao verso divertido de Coringa e as linhas cheias de barras de Coronel e Saskia, que tem um dos melhores – senão O melhor – versos do EP.

A única faixa que foge um pouco do ritmo é a dançante Das Sombras, uma track em que todos os artistas mostram um flow diferenciado e ritmado, seguindo o grave potente da música (incluindo uma participação surpreendente da cantora 1LUM3). No fim, o projeto cumpre exatamente aquilo que se propõe: mostrar o talento de todos os integrantes da SHEILA Records e preparar o terreno pra um 2022 frutífero pra cada um deles.

Disco Rebel – Leaving Babylon

Por Ravi Freitas

Lançado ainda no fim de 2021, Leaving Babylon é um EP de apenas 5 músicas do sempre criativo Disco Rebel. Enquanto os beats focam no boom-bap, voltando aos trabalhos mais antigos do artista – e se diferenciando do mais “moderno” Wavyshit -, a inventividade dos instrumentais não é diminuída. Prova disso é o loop extremamente bem utilizado de Modus Operandi ou a puxada pro reggae em Babylon Down.

Apesar da qualidade melódica do disco, não é nele que está o verdadeiro trunfo de  Leaving Babylon. A caneta do rapper é fundamental em entender a energia que o disco passa, dessa vez com ainda mais carisma e qualidade, sem perder o humor característico do artista. As punchlines são agressivas, e enquanto músicas de amor – como Babylon Down – são românticas sem soar piegas, assuntos mais complexos como política, arte e capitalismo (e todas suas conexões) são abordadas de forma maestral nas músicas Anti Status e Leaving Babylon.

Apesar de curto, o disco oferece uma visão diferente e ainda mais crua do que faz um artista como Disco Rebel merecer ser uma figurinha certa no seu repeat.

Beli Remour – Enterre meu coração na curva dos seus olhos

Por Redação Inverso

Em Ondas 2, Beli Remour apresenta um álbum mais reduzido em termos de duração quando comparado ao seu antecessor. E faz isso muito bem sem abrir mão da bolha experimental do rap.

Com Enterre meu coração na curva dos seus olhos, seu lançamento mais recente, Remour não faz diferente. Em 10 faixas (7 a menos que o último disco), o jovem artista ostenta excelência em produção musical (assinada pelo próprio e por Goldened), além de letras sensíveis sobre relacionamentos e participações muito especiais, como 1LUM3 e Matéria Prima.

Boombeat & CyberKills – Bárbara

Por Ravi Freitas

Mais do que um projeto musical, Bárbara é um expurgo emocional daquilo que mais afetava a rapper Boombeat, integrante do grupo Quebrada Queer. Uma prova disso é a primeira faixa, “Amiga”, intro que coloca em destaque a situação dela enquanto mulher trans e ao mesmo tempo dá o clima pro resto do disco: é um foda-se pra quem duvidava e mais ainda pra quem tentou negar.

A parceria com o duo CyberKills, Bárbara é um projeto que mescla música eletrônica, com o trap, e o funk, ora passando por momentos mais dançantes e leves, como as animadas “Poder Fatal” e “Bonita De Costas” e ora com letras mais combativas, largando mão da sutileza, mas carregando nas boas punchlines, como em “Todos Olhos Em Mim” (com ótimos toques de humor nos adlibs).

O destaque fica para a parte final do projeto, como a incrível “Trava Drama”, com participação de uma das maiores rappers atuais do Nordeste, a paraibana Bixarte, e a poderosa “Bárbara”, que assim como a intro, é um áudio de celular. Só que dessa vez é momento de vitória. Uma vitória merecida.

Bacc on Death Row – Snoop Dogg

Por Redação Inverso

Sem lançar um álbum relevante há pelo menos 10 anos, e lançando pelo menos 10 álbuns por ano, Snoop Dogg está “de volta à Death Row” com seu mais novo disco, o BODR.

Após anunciar a compra da lendária gravadora, a expectativa para o próximo projeto do novo CEO subiu drasticamente. Infelizmente, com pouquíssimas exceções entre as 18 faixas, como as pesadíssimas “Conflicted” e “Jerseys in the rafters”, com Nas e The Game respectivamente, o tio Snoop mais uma vez mostrou que tem dificuldade (ou falta de vontade) de se reinventar e apresentar algo musicalmente novo.

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